quinta-feira, 4 de junho de 2009

DOENÇA DE PEYRONIE

A doença de Peyronie, mundialmente assim conhecida, foi descrita em 1743 por François Gigot de La Peyronie (1678 - 1747), médico do Rei Luiz XV, da França, que morou no palácio de Versailles.
A doença de Peyronie é caracterizada por uma curvatura no pênis durante a ereção, que pode atingir até 90 graus tanto para cima, como para baixo ou para o lado, podendo estar associada ou não à dor durante as ereções. Desta forma, pode dificultar ou, até mesmo, impossibilitar o ato sexual.
O pênis é formado por três cavidades cilíndricas. As duas superiores são chamadas de corpos cavernosos e a inferior, de corpo esponjoso, o qual contém a uretra (canal por onde passa a urina e o esperma).

As duas cavidades superiores são envolvidas por uma membrana elástica denominada túnica albugínea, que se expande com a chegada do sangue, permitindo o aumento de tamanho e calibre do pênis. Quando ambas estão cheias de sangue, a ereção é obtida, sendo que esta deverá ser suficientemente rígida para possibilitar a penetração, desde que não haja curvatura para dificultar ou impossibilitá-la, ou, caso haja a penetração, que o pênis não saia facilmente da vagina
Acima dos corpos cavernosos, ou seja, sobre a túnica albugínea, encontram-se os nervos e vasos superficiais que dão sensibilidade à pele do pênis e à glande e as irrigam.

POR QUÊ O PÊNIS CURVA?

Na doença de Peyronie, o tecido elástico normal da túnica albugínea é substituído por uma cicatriz (placa ou nódulo).

Normalmente, com a ereção, a membrana elástica (a túnica) expande e se alonga simetricamente, resultando em ereção reta. Na doença de Peyronie, devido à placa ou nódulo (cicatriz - palpável em 70% dos casos), a membrana passa a apresentar menor elasticidade, provocando a curvatura. Entretanto, a doença pode se apresentar, também, como uma constrição da túnica, levando ao afinamento do pênis.

Caso o homem possua essa curvatura desde jovem, esta poderá ter sido causada por um problema de repuxamento de uma das membranas (túnica albugínea e/ou dos envoltórios sobre a túnica). Esse é o chamado pênis curvo congênito, que pode facilmente se dobrar ou se chocar contra o períneo ao sair da vagina durante o ato sexual, provocando um trauma que pode levar à doença de Peyronie. O tratamento cirúrgico para o pênis curvo congênito é semelhante ao da doença de Peyronie. Para maiores detalhes sobre esse tipo de curvatura.



CAUSAS DA DOENÇA

Estudos mostram que o problema advém de várias causas, sendo as mais comuns:

· Microtraumas e traumas durante a relação sexual, que em pacientes com predisposição hereditária facilitam a formação de cicatrizes, isto é, a placa, responsável pela curvatura peniana, o que explica a incidência da doença em mais de um membro da família.
· Problemas de ereção, os quais predispõem a dobra do pênis durante o ato sexual, aumentando as chances de microtraumas, que podem levar à doença de Peyronie.
. Fatores familiares,
. Fatores auto-imunes,
. Doenças fibromatosas,
. Doenças metabólicas.
Atualmente se aponta como fator relevante a ocorrência de traumas microvasculares consequentes a traumas no pênis em ereção em indivíduos predispostos. Estima-se que de 3% a 6% dos homens desenvolverão a doença durante a vida.
Apresenta maior incidência entre a quarta e quinta década de vida. Considerada rara no passado, é atualmente mais frequente, talvez em função da maior divulgação da doença e de mudanças no comportamento sexual da população. Cerca de 6 a 7 % dos homens sofram deste mal.

A EVOLUÇÃO DA DOENÇA

As queixas de pacientes quanto à doença de Peyronie podem ser agrupadas em duas fases: inflamatória e de fibrose (cicatrização).
A fase inflamatória caracteriza-se por curvatura progressiva, associada ou não à dor durante as ereções e com placa ou nódulo (cicatriz) abaixo da pele palpável ou não. Geralmente, esta fase é passageira, sendo tratada com antiinflamatórios e orientações gerais. Para que o tratamento clínico tenha bons resultados, o diagnóstico precoce, ainda nesta fase, é importante.
Na segunda fase, quando a cicatriz está madura, a deformidade peniana já está definida. A cirurgia só pode ser indicada a partir desta fase, porém nem todos os pacientes têm necessidade dela.
Na maioria das vezes, a placa encontra-se no topo do pênis, causando curvatura para cima e/ou para o lado.

DIAGNÓSTICO

É feito pela anamnese, pelo exame físico com a palpação de placas fibróticas, frequentemente de localização dorsal e nos dois terços distais do pênis. A realização de exames subsidiários, como radiografia simples do pênis, ultra-sonografia e o teste de ereção fármaco-induzida pode ser útil na quantificação da deformidade anatômica e na orientação e seguimento do tratamento. Mais informações no site, www.clinicaplenus.com.br

HISTÓRIA NATURAL

A história natural da doença de Peyronie demonstra existir pelo menos dois grupos de doentes:
  1. O primeiro grupo é de início agudo, e se caracteriza pela dor à ereção, por placas palpáveis e, em alguns casos, por moderada deformidade peniana.Tais pacientes podem apresentar cura espontânea ou estabilização do quadro clínico.
  2. O segundo grupo é de curso mais lento e progressivo. Caracteriza-se pela acentuação da deformidade peniana devido à intensidade da fibrose do corpocavernoso que evolui ocasionalmente com calcificação.

TRATAMENTO

Existem várias opções de tratamento, tais como:
  • medicamentos orais,
  • agentes para uso intralesional,
  • aplicação de fontes energéticas na placa,
  • procedimentos cirúrgicos.

Como em alguns casos a doença evolui com comprometimento total da função erétil, com alteração do mecanismo veno-oclusivo ou impedimento da penetração em função da intensidade da curvatura, impõe-se o tratamento cirúrgico devido a sua comprovada efetividade.

TRATAMENTO CIRÚRGICO

O tratamento cirúrgico pode ser orientado da seguinte maneira:
1) Cirurgias que corrigem a curvatura:
  • Cirurgias que visam a compensação da curvatura peniana atuando na área diametralmente oposta à placa.
  • Cirurgias que promovem a incisão ou excisão de placas, com ou sem enxerto, atuando desta maneira no local da lesão.

Os melhores resultados atualmente são obtidos com as cirurgias que promovem a correção da curvatura, atuando na área oposta à placa.

2) Cirurgias que corrigem a ereção:

  • Nos casos em que há comprometimento da função erétil cabe a colocação de próteses penianas.

TRATAMENTO CLÍNICO

O tratamento clínico está indicado nos pacientes que não apresentam comprometimento da função erétil. Nessa condição, o tratamento objetiva melhorar a dor, curar ou estabilizar a doença.
Entre as diversas opções contam-se seguintes:
  • drogas orais (vitamina E, paraminobenzoato de potássio, colchicina e tamoxifeno),
  • drogas intralesionais (corticóides, verapamil e interferon alfa-2b),
  • tratamentos físicos com fontes energéticas (radioterapia, ultra-som, litotritor e laser).

CONCULSÃO:

A existência de várias opções de tratamento evidencia a falta de uma alternativa verdadeiramente eficiente. O tratamento cirúrgico justifica-se nos casos mais avançados com comprometimento da função sexual. Nos casos iniciais ou intermediários preconizam-se tentativas com o tratamento clínico.

TIPOS DE CURVATURA

Aqui você poderá encontrar a curvatura que mais se aproxima da sua. Tente idenfiticá-la:

1A - ângulo de curvatura da foto para baixo 1B - ângulo de curvatura da foto para cima 1C - ângulo de curvatura da foto para o lado direito 1D - ângulo de curvatura da foto para o lado esquerdo



2A - ângulo de curvatura da foto para baixo 2B - ângulo de curvatura da foto para cima 2C - ângulo de curvatura da foto para o lado direito 2D - ângulo de curvatura da foto para o lado esquerdo



3A - ângulo de curvatura da foto para baixo 3B - ângulo de curvatura da foto para cima 3C - ângulo de curvatura da foto para o lado direito 3D - ângulo de curvatura da foto para o lado esquerdo


4A - ângulo de curvatura da foto para baixo 4B - ângulo de curvatura da foto para cima 4C - ângulo de curvatura da foto para o lado direito 4D - ângulo de curvatura da foto para o lado esquerdo


5A - ângulo de curvatura da foto para baixo 5B - ângulo de curvatura da foto para cima 5C - ângulo de curvatura da foto para o lado direito 5D - ângulo de curvatura da foto para o lado esquerdo.

PEYRONIE CAUSA IMPOTÊNCIA?

Alguns homens com doença de Peyronie (cerca de 20%) perdem a capacidade de manter o sangue no pênis (problema venoclusivo ou "escape venoso"), o que os impede de manter uma ereção. Porém, a perda de ereção também pode estar associada à ansiedade ou estresse, não necessariamente à doença. Portanto, é importante que o problema de ereção, independentemente da causa, seja tratado, evitando, assim, que o pênis dobre durante o ato sexual, o que, conseqüentemente, diminui as chances de microtraumas.

RELAÇÃO COM OUTRAS DOENÇAS

A incidência da doença é maior entre diabéticos, porém pode também estar associada à doença de Dupuytren, isto é, espessamento da palma da mão com conseqüente curvatura dos dedos.